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Confira a matéria publicada na Revista COOP de Setembro/2015, que contou com a participação da Fundadora e Psicóloga do ABC Aprendizagem, Marieliz Toledo Arruda, e Marcos Meier, Matemático, Psicólogo e autor do livro Desligue isso e vá estudar – orientações práticas para os pais:

Mudança de hábito

Já estamos no segundo semestre, mas ainda é possível reverter as notas vermelhas do boletim e passar de ano. Confira as dicas e bom estudo.

Enquanto muitos estudantes já contam os meses para as férias de fim de ano, outros fazem conta para tentar recuperar as notas do primeiro semestre e salvar o boletim. Você se encontra nessa segunda situação? Nada de pânico. Ainda dá tempo de melhorar as notas ruins conquistadas anteriormente. Força de vontade, disciplina e concentração são regrinhas básicas e o verbo do momento é estudar. Não há outro jeito.

O primeiro passo é fazer uma autoanálise em relação ao seu comportamento frente aos estudos. Sim, porque notas baixas significam falha de estratégia. Pergunte-se: estudei pra valer em casa? Quando estudei me desliguei do WhatsApp, Facebook, Twitter e outros programas ou aplicativos capazes de desviar minha atenção? Prestei atenção nas aulas? Quando não entendi a matéria procurei sanar as dúvidas com o professor? Participei dos trabalhos escolares? Se a maioria das respostas foi não é hora de mudar, e rápido.

Por onde começar?

Na opinião do professor e mestre em educação, Marcos Meier, inicialmente é preciso fazer um planejamento. “A maioria das crianças e adolescentes não sabe por onde começar, quais disciplinas estudar a cada dia, por quanto tempo e, principalmente, não conhece os benefícios que uma rotina de estudos pode trazer ao final do ano”, diz, ao acrescentar que nesses casos os pais podem e devem ajudar. A regra é simples. “Estuda-se em casa exatamente o conteúdo que foi visto em sala, no mesmo dia. Se foram três ou cinco matérias, dedique meia horinha para cada uma delas, ou menos, mas sempre dedique. Registre as dúvidas que surgiram e leve ao professor na próxima aula”, recomenda.

Esse método é eficiente porque o conteúdo aprendido na sala de aula será evocado da memória no mesmo dia, durante o estudo, sinalizando ao cérebro que esta é uma informação relevante e que, portanto, deverá ser armazenada na memória de longo prazo, para futuros acessos. “Essa solidificação da memória se dá durante o sono, por isso é muito importante que crianças e adolescentes durmam a quantidade de horas recomendada pela Organização Mundial da Saúde, ou seja, 10 a 11 horas para crianças e, no mínimo, 8 horas para adolescentes”, explica.

Portanto, estudar na véspera não funciona. Além de bater o desespero e fazer mal pra a saúde, o conteúdo não é registrado de forma eficiente. “Reserve a véspera apenas para fazer uma revisão geral dos pontos mais importantes”, diz a psicopedagoga e neuropsicóloga Marieliz Arruda. Também não adianta ficar decorando textos e mais textos. Além de maçante é improdutivo. “O nosso cérebro registra e fixa muito melhor o conteúdo que foi verdadeiramente compreendido. É mais positivo ler com atenção um texto e depois tentar explicar com palavras próprias o que entendeu para alguém ou para si mesmo”, aconselha a psicopedagoga.

E para um bom entendimento do conteúdo não há saída melhor do que prestar atenção nas aulas. “Além disso, crie o hábito de anotar tudo o que for importante na sua concepção e procure fazer um esquema ou um resumo com as ideias principais todos os dias”, recomenda Marieliz. E mais: quando não entender a explicação, não tenha vergonha de perguntar ao professor. Ele pode se tornar um grande aliado ao sentir que você tem interesse e vontade de aprender. Como complemento vale ainda ler jornais e livros, ver filmes, ir a museus ou pesquisar na internet.

Outra dica legal é tentar identificar a sua modalidade de aprendizagem que pode ser visual, auditiva ou cinestésica. Os visuais são aqueles que aprendem melhor através da leitura. Os auditivos gravam mais aquilo que ouviram em sala de aula e os cinestésicos registram melhor o conteúdo quando participam de dramatizações ou de apresentações de trabalho. “As pessoas aprendem de formas diferentes e quando aplicam o seu método de estudo geralmente conseguem resultados mais positivos”, diz Marieliz.

Notas baixas também podem ser consequência de problemas mais sérios

Nem sempre apenas estudar corretamente resolve o problema. Quando as notas baixas costumam ser corriqueiras, ocorrendo ano após ano, é preciso investigar melhor. “Dificuldades emocionais, pedagógicas, físicas, de saúde ou de relacionamentos com colegas ou professores podem interferir no rendimento escolar”, diz Marieliz Arruda. Segundo ela, geralmente esses fatores são passageiros ou apresentam melhora com o tratamento adequado.

Já no caso de um transtorno de aprendizagem, os prejuízos são mais persistentes e a melhora é mais lenta. “Na maioria das vezes os problemas surgem devido a alterações funcionais e neurobiológicas cerebrais e possuem carga hereditária, ou seja, há grande probabilidade de haver outros casos na família”, explica a pedagoga ao dar como exemplo a dislexia. O diagnóstico desse e outros transtornos deve, preferencialmente, ser realizado por uma equipe interdisciplinar de especialistas para definição do tratamento.

Aulas de reforço ajudam?

“Sim, se o professor encontrar outros meios de explicar os mesmos conteúdos trabalhados em sala e não apenas oferecer um treino mecânico com resolução de listas de exercícios, por exemplo”, destaca o educador Marcos, que só recomenda esse serviço quando a dificuldade é mais localizada, para uma ou duas matérias, no máximo. Ele ressalta que a contratação de um professor particular deve ser provisória, por um período suficiente para que a criança possa seguir em frente por conta própria. “Adotar essa estratégia de forma contínua, ou seja, em todos os anos, pode causar dependência e limitar os potenciais da criança”, diz.

Para Marieliz, o ideal é que o professor seja um mediador do conhecimento e não um explicador da matéria. “O mediador ensina o aluno a pescar, enquanto o explicador pesca para o aluno a ainda dá o peixe na boca dele. No primeiro caso o aluno não ficará dependente da aula particular, mas no segundo sim”, explica.

Tamo Junto

Estudar com um amigo pode ser boa opção, desde que se leve a sério. “A facilidade de um pode ser a fraqueza do outro e, ao interagirem, conseguem juntos superar as dificuldades de ambos”, diz Marcos Meier, ao lembrar de pesquisas que apontam que a aprendizagem se dá em primeiro lugar de forma social, em grupo, para depois ser incorporada individualmente. Além disso, o aprendizado fica mais leve e divertido.

Outra ajuda ainda mais importante é a dos pais, mesmo que estejam chateados com a situação. Não é hora de esbravejar, falar mal ou mesmo castigar. É preciso primeiro entender o que rolou e tentar mostrar ao filho que sempre haverá barreiras na vida, mas que elas podem ser superadas. É dessa motivação que ele precisa agora.

“Inicialmente o casal deve buscar uma harmonia e coerência de atitudes entre si para evitar a polaridade da mãe boazinha e do pai mandão e vice-versa”, diz a neuropsicóloga Marieliz. Segundo ela, os pais devem sempre acompanhar a vida escolar do filho, mas nunca realizando por ele o que já é capaz de fazer sozinho. E não tem jeito. Para recuperar as notas baixas é preciso estudar até nos finais de semana e isso tem que ser cobrado, mas sem exigir muitas horas seguidas, pois isso só vai deixá-lo esgotado. Ajudá-lo a criar uma rotina de estudos, alternando as disciplinas, pode trazer resultados melhores.

“Demonstre interesse”, aconselha Marcos Meier. “Sente-se ao lado do filho se ele pegar o material para mostrar algo ou contar uma descoberta incrível feita na aula de ciências”, exemplifica. E nada de começar um questionário, no sentido de tomar o conteúdo. “Interaja com ele, tenha uma conversa descontraída, mostre que está entendendo o que ele diz e participe contando algo a mais que você saiba sobre aquele tema”, recomenda o professor.

Quer intensificar a ajuda? Então, vá mais vezes a escola do seu filho. Converse com os professores e fique por dentro do sistema de avaliações. Mantenha em casa um ambiente de estudo calmo, livre de distrações externas e elogie seu filho pelas disciplinas ou mesmo modalidades esportivas em que ele se dá bem. É uma forma de motivá-lo a buscar bons índices também nas matérias que ele julga mais complicadas.


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