Discalculia: O que é isso?
A discalculia é a dificuldade em fazer cálculos?
A discalculia é uma dificuldade de aprendizagem específica que afeta a aquisição normal de aritmética devido a fatores genéticos e neurobiológicos de caráter persistente em pelo menos 50% dos casos (Ruth S. Shalev,2003). É uma dificuldade anterior ao cálculo.
Os portadores de discalculia tem um comprometimento em habilidades de calcular, mas também de compreender conceitos numéricos e de produzir números. O diagnóstico, no entanto, só é comprovado se há uma discrepância significativa entre o potencial intelectual da criança e sua realização aritmética ou por uma discrepância de pelo menos dois anos entre sua idade cronológica e o nível de aprendizagem escolar dos conteúdos aritméticos. Ela pode ocorrer também por consequência de prematuridade e baixo peso ou associada a uma variedade de distúrbios neurológicos tais como TDA/H, epilepsia, síndrome do X frágil, etc. Cerca de um quarto dos casos de discalculia tem comorbidade com TDA/H e dislexia.
Como, exatamente, ela se manifesta?
A discalculia se manifesta principalmente no desempenho escolar com dificuldade na matemática. O perfil de prejuízos é heterogêneo e pode mudar de acordo com características individuais e com a idade, mas geralmente se manifesta pela dificuldade em tarefas bésicas, como contagem, comparação de quantidades, lentidão na execução dos cálculos, dificuldade em decorar tabuada, e outras dificuldades tais como gerenciar o tempo e lidar com o dinheiro.
Em que idade a discalculia começa a se manifestar?
A discalculia pode ser identificada desde muito cedo em crianças de 3 / 4 anos que não consigam contar até 4 itens por exemplo, em crianças mais velhas que tenham muita dificuldade em compreender operações aritméticas simples de adição e subtração, ou em um aluno entre 9 e 12 anos que não consiga multiplicar e/ou dividir mesmo com números menores. Nesses casos pode-se suspeitar de um quadro de discalculia. No entanto, outros fatores tais como dificuldade na matemática, estratégias deficitárias de ensino ou ansiedade frente à matemática também podem se manisfestar desta forma. O diagnóstico efetivo só será possível após uma avaliação interdisciplinar criteriosa envolvendo aspectos neuropsicológicos e psicopedagógicos.
Há sinais que os pais possam perceber?
Os principais sinais que os pais conseguirão perceber estão relacionados ao desempenho escolar principalmente da matemática. Apesar de a discalculia ter base neurobiolõgica, ainda não existe nenhum exame médico capaz de evidenciá-la.
Qual a incidência de discalculia em crianças?
De acordo com evidências ainda a serem incorporadas no Diagnostical and Statistical do Manual de Transtornos Mentais (DSM-IV) a discalculia é rara com uma prevalência de aproximadamente 1% da população em idade escolar sem discrepância entre meninos e meninas.
Como é tratada?
Por se tratar de um diagnóstico raro, ainda há pouca informação sobre o curso do tratamento e das melhores estratégias na intervenção das dificuldades inerentes aos quadros de discalculia. A prática clínica, no entanto, mostra bons resultados nos tratamentos de reabilitação neuropsicológica que associam estratégias de treinamento das habilidades do raciocínio matemático envolvendo as habilidades de senso numérico, linguísticas e procedimentais aritméticas levando em consideração de forma concomitante os aspectos emocionais, familiares e escolares do paciente. Vale ressaltar que de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, portadores de discalculia tem o direito ao uso de técnicas e recursos educativos que assegurem suas necessidades educacionais tais como o uso de calculadora ou da tabuada dentre outros.
Bibliografia
- Shalev RS. Developmental dyscalculia. J Child Neurol. 2004; 19:765-771.
- Silva PA, Santos FH. Discalculia do Desenvolvimento: Avaliação da representação numérica pela ZAREKI-R. (no prelo).
- Revista Simpro Rio. Maio 2010.