Afinal, o que é TPAC e como tratá-lo?
Como é a avaliação e o tratamento do Transtorno do Processamento Auditivo Central
Por que um indivíduo consegue detecta os sons normalmente, mas tem dificuldades em interpretá-los? Por que ouvir é diferente de escutar? O significado de ouvir remete ao sentido da audição, é aquilo que o ouvido capta. Já escutar corresponde ao ato de ouvir com atenção.
A audiometria avalia quantitativamente o que o indivíduo ouve. A avaliação do processamento auditivo central (PAC) investiga como o cérebro vai processar e interpretar as informações auditivas.
A avaliação comportamental do PAC é realizada com materiais específicos em cabina acústica. Inúmeros fatores e variáveis devem ser consideradas antes da escolha dos procedimentos que comporão a bateria de testes. Fatores como idade, audição periférica, nivel do desenvolvimento linguístico e de fala, comorbidades, motivação e cansaço devem nortear a escolha e a ordem de apresentação dos testes. Os testes têm validade e eficácia comprovadas para identificação de disfunção do sistema nervoso auditivo central (SNAC) e para descrever comportamentos auditivos em indivíduos com Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).
São comportamentos característicos dos indivíduos com TPAC alterações de fala, leitura e escrita, como por exemplo: dificuldade de utilização de regras gramaticais, inversões de letras, alterações da noção de lateralidade, agitação, distração, memória auditiva prejudicada e dificuldade em compreender a fala em ambientes ruidosos. Cabe salientar que dependendo da habilidade auditiva que esteja em déficit, os sinais comportamentais do TPAC serão diferenciados entre os indivíduos.
Quando as habilidades auditivas não estão bem desenvolvidas, torna-se muito difícil aprender sem assistência especial, mesmo tendo inteligência normal, motivação e saúde. Após avaliação e diagnóstico de TPAC, é necessária a conduta terapêutica do fonoaudiólogo, pois as habilidades auditivas podem e devem ser reabilitadas. A reabilitação do TPAC apresenta 3 pilares básicos: o treinamento auditivo acusticamente controlado, o desenvolvimento de estratégias metalinguísticas e metacognitivas e o gerenciamento ambiental.
Destaca-se o treinamento auditivo acusticamente controlado, que é realizado em cabina acústica e com o auxilio do audiômetro, pois este possibilita estimular as orelhas separadamente, controlar os estímulos, a intensidade e o ambiente acústico, tornando o treino mais intenso e desafiador ao sistema auditivo. Na literatura há evidências que o treinamento auditivo melhora o acesso à informação auditiva possibilitando que o paciente possa comunicar-se melhor em ambiente desfavorável, utilizando menor esforço e consequentemente melhorando seu desempenho em tarefas de grande demanda.
O TPAC pode ocorrer de forma isolada ou estar associado com outras alterações, dessa forma uma abordagem interdisciplinar é extremamente importante, uma ampla avaliação de déficits funcionais associados ao TPAC é essencial no planejamento das intervenções. A eficácia do tratamento é estreitamente relacionada a participação da família, a parceria com a escola, a motivação do indivíduo com o TPAC e integração dos demais profissionais de saúde envolvidos.